O USO DE RUBRICAS NA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
- SABELETRAS
- 17 de dez. de 2022
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Atualizado: 20 de dez. de 2024
As avaliações de desempenho são aquelas que envolvem ações por parte do estudante ou pessoa avaliada. As produções de texto, apresentações orais, peças teatrais ou desenvolvimento de projetos são exemplos desse tipo de avaliação, que se contrasta com avaliações objetivas nas quais as respostas envolvem uma escolha entre opções já oferecidas. Avaliações de desempenho são essenciais em contextos educacionais e em outros nos quais as avaliações são necessárias, visto que permitem observar o comportamento dos sujeitos avaliados em situações similares aquelas encontradas no mundo real.
Um dos grandes desafios desse tipo de avaliação é o controle dos fatores subjetivos que podem afetar os resultados. No caso de uma produção textual, por exemplo, como se certificar de que o avaliador use os mesmos critérios para avaliar todos os textos? Se a avaliação envolver um grupo de avaliadores, as coisas se complicam ainda mais: como se certificar de que todos os avaliadores utilizem os mesmos critérios?
A resposta que o campo da avaliação tem dado a este desafio está na elaboração e uso de rubricas de avaliação (BROOKHART, 2013; CARR, 2011). Este instrumento nada mais é do que um conjunto de descrições de comportamentos esperados de acordo com os níveis de qualidade do desempenho (CARR, 2011). O exemplo a seguir ilustra uma rubrica analítica de desempenho em produções textuais. Observe que ela é composta por critérios - neste caso gramática/vocabulário, coesão/coerência e organização retórica -; níveis de desempenho - insuficiente, regular e bom -; e descrições propriamente ditas dos comportamentos esperados (dentro de cada quadro). As pontuações apresentadas não são indispensáveis em uma rubrica, mas são muitas vezes incluídas para facilitar o trabalho de atribuição de notas. Em sua natureza, as rubricas são instrumentos de avaliação qualitativa, sendo a quantificação de pontos um passo posterior.

Fonte: autor
Na rubrica em questão, o texto que descreve os comportamentos esperados apresenta muito pouca variação entre os níveis de desempenho. Isto é importante para que o avaliador tenha condições de comparar esses níveis e se concentrar em aspectos específicos do comportamento. Este nível de detalhamento é o que justifica chamar tais rubricas de analíticas.
Um outro exemplo desse instrumento avaliativo é a chamada rubrica holística. Conforme sugerido pelo nome, este tipo se destina a avaliações mais genéricas, nos quais os comportamentos são descritos mas sem o mesmo nível de detalhe encontrado no exemplo anterior. As rubricas holísticas se caracterizam por agrupar comportamentos de um mesmo tipo e apresentar um conjunto de afirmações para cada comportamento, que são verificadas pelo avaliador. Neste exemplo, apresentado por Facione & Facione (2011) apresenta-se uma rubrica em inglês para avaliação do pensamento crítico, com quatro critérios principais: fraco, inaceitável, aceitável e forte.
As rubricas holísticas apresentam a vantagem de serem sucintas e de permitirem uma avaliação mais rápida. Em contrapartida, deixam a desejar no nível de detalhamento que somente as rubricas analíticas podem oferecer e que são essenciais para a avaliação diagnóstica e a apresentação de feedback.
A criação dos critérios, níveis de desempenho e descrições de comportamento exige do elaborador criatividade, clareza do objetivo da avaliação e conhecimentos teóricos e práticos que possibilitem desenvolver a rubrica mais apropriada para um determinado projeto. Em grandes projetos de avaliação (ex. exames de larga escala), as rubricas podem passar por diversas revisões e aprimoramentos até chegar a um ponto adequado para um uso eficaz. Em seguida, os avaliadores são treinados no uso da rubrica até que alcancem um elevado nível de consistência nos resultados e domínio do instrumento.
No caso de professores individuais, ou pequenos grupos, as rubricas também são úteis. Elas permitem que o professor tenha clareza de seus objetivos e critérios e se esforce para aplicá-los de maneira coerente e justa na avaliação das atividades dos estudantes. As rubricas também são práticas para que os estudantes entendam o que se espera deles e podem ser, portanto, usadas também como instrumentos de autoavaliação ou avaliação em pares ou grupos.
Rubricas são, assim, interessantes instrumentos de avaliação formativa - que também podem ser usadas em avaliações somativas. Elas introduzem alguma organização em um processo que de outra forma seria muito subjetivo e pouco claro. O aplicativo Google Classroom oferece um recurso de criação de rubricas que pode ser útil para que os professores comecem a se familiarizar com este tipo de instrumento. Com a prática, estudo e alguma criatividade, os professores poderão dar um passo adiante em sua atuação e desenvolvimento profissional por meio do desenvolvimento e uso de rubricas de avaliação.