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Só posso elaborar a prova depois de conhecer a turma - dilemas docentes

  • Foto do escritor: SABELETRAS
    SABELETRAS
  • há 13 minutos
  • 3 min de leitura



Muitos professores acreditam que suas provas só devem ser elaboradas depois de conhecerem a turma com a qual trabalham. Você também pensa assim?


Vamos analisar os dois lados dessa questão. Os pontos aqui discutidos também se aplicam a outros instrumentos de avaliação além da prova.


Primeiro, vamos ver alguns motivos para adiar o planejamento de provas até que se tenha uma ideia do aproveitamento dos estudante.


Podemos dizer que revela até consideração pelos estudantes quando os professores preferem ter um conhecimento aprimorado deles para depois pensarem em elaborar suas avaliações. Afinal, os estudantes podem ter diferentes níveis de desempenho e os professores, em tese, preferem ver seus alunos bem-sucedidos. Assim, alguns podem optar por ajustar o nível de dificuldade das suas avaliações para a realidade dos alunos. Além disso, quando se conhece os estudantes também é possível elaborar estilos de questões e até adaptar certos temas às preferências dos alunos, algo particularmente possível em contextos de ensino de línguas nos quais diferentes temas podem ser discutidos no trabalho com as diversas habilidades linguísticas. Ainda uma outra vantagem desse tempo de espera é a possibilidade de envolver os estudantes na elaboração de diferentes instrumentos de avaliação, algo que pode contribuir inclusive para a aprendizagem.


Por outro lado, algumas questões precisam ser consideradas quando se cogita o adiamento da elaboração de provas e atividades avaliativas sob o argumento de se conhecer a turma.


O primeiro aspecto a ser considerado é que a avaliação não deve ser um momento isolado do período de ensino. A avaliação deve ser uma atividade contínua, cumulativa e formativa que se desenvolve ao longo de todo o processo pedagógico. Nesse sentido, o primeiro dia de aula pode apropriadamente ser um momento de avaliação. Além disso, não é recomendável que alguns momentos de avaliação tenham um peso preponderante sobre os demais, como no caso dos antigos exames finais. Esses pontos são inclusive estabelecidos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (Lei 9394, 20/12/1996). Assim, se a decisão de adiar o planejamento de provas resultar do risco de um mal desempenho dos estudantes em uma prova de grande peso, já se pode dizer que houve um desequilíbrio no planejamento da avaliação. A verdade é que quaisquer dificuldades dos estudantes em uma avaliação específica poderão ser diluídas e recuperadas ao longo do processo se a abordagem docente privilegiar a avaliação contínua e formativa.


Há também questões técnicas relacionadas ao próprio desenvolvimento dos instrumentos de avaliação.


Existe sempre o risco de se produzir instrumentos avaliativos sem qualidade quando essa tarefa é feita às vésperas das datas para a avaliação. E isso sim pode prejudicar os estudantes, e até mesmo o processo pedagógico pretendido pelos professores. Questões mal elaboradas, com enunciados ambíguos, alternativas confusas, propostas de produção de texto que não deixam claro o que se espera, bem como outros elementos dos diferentes instrumentos de avaliação, podem resultar de tal adiamento.


Outro fator importante é que todo professor tem um cronograma previamente estabelecido pelo seu planejamento e pelos documentos institucionais e oficiais. Espera-se que os estudantes desenvolvam o domínio dos conteúdos e habilidades propostos nesses documentos. Desse modo, a prática da adaptação ao nível dos estudantes não faz sentido. Antes deve-se conduzir processos de ensino e avaliação formativos que elevem continuamente os estudantes ao nível do que se espera.


Um caminho alternativo é ter um planejamento da avaliação (e não somente do ensino) previamente estabelecido, mas que comporte certa flexibilidade para que o professor não somente conheça os estudantes, mas tenha a oportunidade de dialogar com eles. Incluir os estudantes no processo decisório contribui para o letramento em avaliação deles e possibilita uma educação compartilhada, democrática, mas que também responsabilize os estudantes e demonstre confiança em seu amadurecimento.


Enfim, não existem respostas definitivas e haverá professores com pontos de vista diferentes dos expressos aqui. Mas é importante que nós professores consideremos os diversos lados da questão para uma decisão mais consciente e informada.



 
 
 

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