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VOCÊ SABIA QUE EXISTEM DIRETRIZES DE BOAS PRÁTICAS E ÉTICA PARA A AVALIAÇÃO DE LÍNGUAS?

  • Foto do escritor: SABELETRAS
    SABELETRAS
  • 18 de dez. de 2022
  • 4 min de leitura

Atualizado: 20 de dez. de 2024

É isto mesmo. O documento intitulado ILTA Guidelines for Practice da International Language Testing Association (ILTA), organização que agrega profissionais do campo de avaliação de línguas, apresenta um conjunto de diretrizes norteadoras para boas práticas em avaliações formais e informais, padronizadas e de sala de aula.

O texto é composto de três partes:

  • a parte 1 apresenta considerações gerais sobre avaliação;

  • a parte 2 esclarece quais são os direitos e deveres dos examinandos;

  • a parte 3 aborda as práticas de avaliação em sala de aula.

São consideradas questões relacionadas ao exames tradicionais, em inglês chamados de paper and pencil tests, e exames ofertados por meios digitais. Discutem-se também os princípios para formas alternativas de avaliação, como as atividades de aula, observação, avaliação dinâmica, dentre outras.


Os princípios apresentados nesse documento são muito importantes para a melhoria das práticas de avaliação de professores e avaliadores de exames de larga escala. Destacam-se no documento a busca por uma atitude ética que promova o respeito pelos examinandos e pelos profissionais da avaliação, bem como a busca por resultados benéficos para todo os envolvidos (stakeholders).

Estas diretrizes são complementares ao código de ética da ILTA, que tem uma versão para o Português Brasileiro, de tradução de Gladys Quevedo Camargo (UnB) e revisão de Douglas Altamiro Consolo (UNESP) e Fabiana Mac Millan (Rosetta Stone, Inc.). Este código se alicerça em nove princípios básicos:

Princípio 1


Os profissionais da avaliação devem ter respeito pela humanidade e dignidade de cada um dos seus examinandos. Devem ter com eles a melhor consideração profissional possível e respeitar as necessidades, os valores e as culturas de todas as pessoas na prestação de seus serviços de avaliação de línguas.


Princípio 2


Os profissionais da avaliação devem manter a confidencialidade de todas as informações obtidas por meio da sua função profissional sobre seus examinandos e devem utilizar seu discernimento profissional ao compartilhar tais informações.


Princípio 3

Os profissionais da avaliação devem aderir a todos os princípios éticos relevantes que integram as regulamentações nacionais e internacionais quando estiverem envolvidos com quaisquer estudos, experimentos, tratamentos ou outras atividades de pesquisa.


Princípio 4


Os profissionais da avaliação não devem, dentro das suas possibilidades, permitir a má utilização dos seus conhecimentos ou das suas habilidades profissionais.


Princípio 5


Os profissionais da avaliação devem continuar a desenvolver seu conhecimento profissional, compartilhando esse conhecimento com colegas e outros profissionais da área de línguas/linguagem.


Princípio 6


Os profissionais da avaliação devem compartilhar a responsabilidade de preservar a integridade da profissão.


Princípio 7


Os profissionais da avaliação, nas suas funções sociais, devem empenhar-se para aprimorar a qualidade dos serviços de ensino e avaliação de línguas, promover a destinação justa desses serviços e contribuir para a educação da sociedade com respeito à aprendizagem de línguas e à proficiência linguística.


Princípio 8


Os profissionais da avaliação devem ser conscientes das suas obrigações com a sociedade em que trabalham, ao mesmo tempo em que devem reconhecer que tais obrigações podem ocasionalmente entrar em conflito com suas responsabilidades com relação aos examinandos e a outros agentes envolvidos.


Princípio 9


Os profissionais da avaliação devem considerar regularmente os efeitos potenciais, tanto a longo quanto a curto prazo, sobre todos os agentes envolvidos em seus projetos, reservando-se o direito de descontinuar seus serviços profissionais por questão de consciência.


Os princípios acima foram reproduzidos conforme os originais, mas remeto os leitores aos textos originais na íntegra com suas notas para aprofundamento das questões. Aqui vou me limitar a tecer alguns comentários sobre a importância dos profissionais do ensino e avaliação de línguas - incluindo professores - conhecerem estes documentos.


O valor das diretrizes para práticas avaliativas melhores

Os dois documentos abordam questões relacionadas à busca dos melhores efeitos da avaliação para os examinandos, para os avaliadores e para a profissão de forma geral. Ao abordar questões gerais de avaliação e destinar pontos específicos dos documentos para tratar da avaliação de sala de aula, coloca-se em relevo a importância de princípios éticos e de boas práticas serem seguidos por todos, incluindo os professores de línguas.

Os documentos realçam a importância da aprendizagem contínua e da contribuição coletiva para um ambiente de constante aprendizagem na profissão. Este aspecto não pode ser despercebido, dada sua relação com a questão do letramento em avaliação. A área da avaliação de línguas é bastante ampla com questões técnicas, práticas, teóricas e éticas - o que torna o campo bastante desafiador, mas incontornável, no sentido de que todos os envolvidos com a avaliação de línguas devam conhecer seus princípios básicos.

Destaca-se ainda a importância tanto da transparência quanto da confidencialidade. Transparência em princípios, decisões e procedimentos, e confidencialidade para lidar com os dados dos sujeitos, seja para fins de avaliação propriamente dita, seja para fins de pesquisa.


Aliás no que diz respeito à pesquisa, é notório que as diretrizes enfatizem a importância do autoquestionamento das práticas, da investigação contínua dos exames, das provas de sala de aula, e das atividades avaliativas. Isto faz de professores e avaliadores em geral verdadeiros analistas dos dados gerados pelos instrumentos avaliativos.


Apesar da importância das diretrizes, é lamentável que o interesse pelo tema da avaliação ainda seja limitado no Brasil, não estando na lista de prioridades da maior parte dos professores. Ainda pior é o fato do tema ser praticamente ignorado pelos cursos de formação e complementação profissional, as graduações e especializações na área de Letras e ensino de línguas ou mesmo na produção acadêmica e científica, que, apesar de demonstrar sinais de mudança, ainda se mantém em níveis pífios. Isto pode ser facilmente constatado ao se procurar por obras e artigos que abordem o tema. Ao fazer esta busca e se o leitor buscar também por produções estrangeiras, notará a gritante diferença.


Ainda assim, já existem alguns sinais de mudança. Alguns programas de pós-graduação, alguns títulos e artigos e uma crescente prática de pesquisa, ainda inicial, permitem vislumbrar um futuro mais promissor para o campo. É neste contexto que nos inserimos ao dar exposição as documentos que favorecem a profissionalização e melhoria das práticas avaliativas.


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